Diante das inúmeras demandas, a Psicanálise se apresenta como uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento pessoal e profissional dos líderes. A prática pode apoiá-los a compreender melhor as próprias emoções para desenvolver mais autocontrole e sustentar a sua motivação e da equipe mesmo nos momentos mais difíceis.
Entre os desafios que a liderança está lidando, vem acontecendo uma mudança drástica cultural, em que as gerações mais jovens querem ter um propósito e crescer na carreira sem renunciar ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
“O líder precisa incluir no seu campo de atenção um legítimo interesse pelas pessoas que compõem sua equipe e contribuir para o desenvolvimento de seu protagonismo, conduzindo os profissionais para a interconexão de propósitos”, explica Suzi Mendes, psicanalista, especialista em desenvolvimento humano e trainer da Interhunter Academy.
Segundo ela, outra questão é a capacidade de a empresa se reinventar, inovar e fazer diferente para se adaptar às mudanças constantes. “Estar um passo à frente da concorrência é sinônimo de vitalidade organizacional. E vitalidade é longevidade”, acrescenta.
Para que isso possa acontecer, ela acredita que os líderes precisam estar em estado de atenção ao que está acontecendo no mundo e conhecer novas metodologias para contribuir com um espaço criativo na organização. É essencial compreender como a sua postura pode estimular ou inibir a equipe a pensar “fora da caixa”.
“A liderança não é um cargo. É ser exemplo de senso de direção para guiar o time com determinação, confiança e coragem. Também é fazer junto, mas reconhecer que a conquista vem do esforço de todos e assumir a responsabilidade quando o fracasso bate à porta para motivar a equipe a aprender e crescer nas pequenas derrotas”, ressalta.
Psicanálise é ferramenta para o desenvolvimento da liderança
Suzi diz que de nada adianta um líder desenvolver sua capacidade estratégica e aprender as melhores técnicas de gestão, se ele não conseguir inspirar e conduzir a equipe a produzir e entregar com eficiência e senso de cooperação. Neste sentido, a psicanálise, que é uma abordagem que trabalha o processo terapêutico por meio da fala e do inconsciente, pode ser grande aliada.
“A Psicanálise apoia o líder a entender melhor a si mesmo e a compreender se está conseguindo promover um ambiente inovador e engajador ou, se ao contrário, está causando estagnação. A partir do autoconhecimento, a liderança alcançará resultados excepcionais, pois considera as forças invisíveis que interferem nas relações interpessoais”, explica Suzi Mendes.
De acordo com a especialista, a prática também potencializa a capacidade de se comunicar, fazer a gestão de conflitos a partir de uma escuta ativa aprimorada.
Quando recomendar a psicanálise para a liderança?
1-Existem alguns indicadores de RH que apontam dificuldades que a liderança possa estar enfrentando por limitações em sua relação com a equipe, como:
- Absenteísmo elevado
- Casos de burnout
- Turn over alto
- Entrevistas de desligamentos com indícios de saída motivada pela liderança
- Ações trabalhistas
2-Quando a performance de uma determinada área cai sem explicações lógicas: mercado, concorrência, produto etc.
O RH tem que estar atento à saúde mental dos líderes e observar se eles demonstram sintomas de esgotamento: cansaço, dores de cabeça constantes, irritabilidade, ansiedade, agressividade, entre outros.
Considerando que o burnout é considerado uma doença do trabalho, vale implementar ações, como palestras, e abrir espaço para o diálogo sem estigmas.
“É importante lembrar que os executivos precisam de tempo para se escutarem, aprenderem a lidar com suas fragilidades e terem um espaço seguro e confidencial de descompressão”, destaca Suzi.
3-Quando há reclamações de diferentes setores com dificuldade de relacionamento e falta de cooperação com algum líder de uma área específica.